sábado, 30 de janeiro de 2010

Casamento macedônico

A dinastia ptolomaica era de origem greco-macedonica, portanto, é de se esperar que a grande maioria dos casamentos realizados dentro desta familia, seguisse a tradição macedônica. Abaixo, seguem alguns costumes e tradições que retirei do livro "A Casa da Aguia":

Os casamentos eram celebrados durante a lua cheia do mes de Gamelion - o mes sagrado de Hera, rainha dos deuses e padroeira dos casamentos.

A residencia do noivo era decorada com louro e oliva, e iluminada com tochas flamejantes.

Na vespera do casamento, as mulheres da familia da noiva, buscariam água na fonte da cidade para um banho ritual pré nupcial.

No dia do casamento, o noivo deveria estar trajando um khiton (túnica) branco novo, usando uma guirlanda e uma coroa de flores vermelhas, com o corpo untado dos pés à cabeça em mirra.
A noiva, deveria usar um peplos novo, podendo ser branco ou não, preso com um "nó de Herakles", que deveria ser desatado pelo noivo na noite de núpcias, e usar um véu adornado com uma grinalda de flores igualmente vermelhas, como as do noivo. O véu vermelho era sinal de bom pressagio. A noiva deveria estar usando os melhores óleos e perfumes (os da Siria eram considerados os melhores na época dos Ptolomeus).

Uma tradição era que o noivo usasse uma adaga de cabo preto atada ao cinto e a noiva usasse uma tesoura dentro de seu sapato esquerdo para cortar más influencias que poderiam atormentar o futuro do casal.

As familias deveriam usar seus trajes mais finos, e coroas de folha de carvalho de ouro.

Durante o banquete cerimonial, tanto o noivo, quanto a noiva, deveriam estar rodeados de muito amigos, que passariam a noite do banquete regados à vinho e com muitas azeitonas como tira-gosto. Ao casal, era servido bolo de sementes de gergelim, o prato nupcial simbolo de fertilidade, e aos convidados, pão.

O noivo deveria cantar as canções "do Corvo" e "da Andorinha", além de dançar muito, sendo acompanhado da noiva e dos convidados, ao som de liras, flautas, gaitas, tambores e muitas palmas que ditavam um ritmo que começava lento e ía aumentando até chegar ao frenezi. Quanto mais a noiva rodopiasse com graça ao som da musica, mais feliz seria o casamento.

Ao escurecer, o pai da noiva deveria passar a filha para as mãos do noivo, então o noivo poderia finalmente erguer o céu de sua esposa (a noiva, permaneceria coberta com o véu o tempo todo, até que chegasse o momento de o noivo ergue-lo após a troca de anéis de ouro), essa cerimonia era chamada de ANAKLYPTERIA.

Após a cerimonia do véu, aconteceria a procissão de parentes, aonde todos cantando à luz de tochas, acompanhariam a carruagem do casal pelas ruas da cidade, aonde a noiva carregaria a peneira e a grelha de bronze, simbolos das obrigações da dona de casa (mesmo que fosse uma mulher nobre e jamais precisasse desempenhar essas funções). Fazia parte da tradição que o pai do noivo aparecesse nessa procissão usando uma laurea, e a mãe do noivo segurando uma tocha flamejante para saudar a carruagem dos noivos, e dar as boas vindas ao casal na residencia do noivo.

A familia e os amigos do noivo jogavam nozes e figos quando o casal cruzasse as portas da residencia. E na residencia do casal, seriam servido novamente aos noivos, uma refeição nupcial composta de bolo de gergelim, uma tamara e um marmelo recheado com mel, simbolos de fertilidade.

Enquanto o casal estivesse no quarto, consumando o casamento, a festa continuava com os convidados cantando hinos nupciais, bem alto, para afugentar as más influencias (e abafar os gritos e gemidos da noiva - que sendo uma 'parthenos' - virgem - proavelmente se assustaria com o ato de consumação).

P.S. Nenhuma comida da cor vermelha poderia ser servida, pois vermelho era a cor da morte e as comidas dessa cor eram maus pressagios num casamento, sendo usadas apenas em banquetes funebres.

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